A vida prega-nos partidas que, apesar de avisados, nos apanham sempre de surpresa. Esta, a que motivou a minha longa ausência da blogosfera, foi, para além de inesperada, insólita e irreal. É que não sei se existiu realmente ou se se tratou de uma mistificação para justificar este meu afastamento(in)voluntário deste convívio que eu desejava mais concreto, mais participativo, mais efectivo. Esta é talvez mais uma ilusão que não creio que seja importante discutir. A verdade é que estou aqui hoje para desejar a todos um bom Natal e um ano Novo repleto de muitos natais, tantos quantos cada um de nós desejar e tiver capacidade de comemorar a pensar nos outros. Principalmente naqueles que nunca tiveram nenhum Natal, a não ser o seu próprio que, por fazer parte do passado do qual não se tem memória, não pode ser recordado.
Quero também desejar que o próximo ano traga uma cama ao presidente do Metropolitano de Lisboa que disse não se importar de dormis no túnel da Praça do Comércio, justificando a sua qualidade em termos de segurança, para que possa cumprir esse seu desejo; também desejo que sejam oferecidas umas “casinhas” aos administradores da EDP construídas por baixo de linhas de muito alta tensão, para que nelas possam viver muito felizes e comprovem, eles próprios, que é muito benéfico para a saúde viver em tais condições.
Ao pretenso herdeiro da inexistente coroa portuguesa que não se encontre senil fisicamente nos próximos tempos, já que intelectualmente me parece que atingiu esse estágio muito precocemente.
Por último um voto sincero para que já no próximo ano deixemos de ter gestores incompetentes e incultos, nos mais diversos sectores da vida política e económica, que gerem este país como se fosse a mercearia da esquina mais ocidental da Europa à qual o progresso e a evolução não chegam por força das suas vontades retrógradas e bolorentas.
A propósito de ares bafientos e a cheirar a ratos quero fazer referência a algo que observei hoje na montra de uma livraria da capital. Logo na 1.ª fila, junto ao vidro, muito alinhado, o livro “António de Oliveira Salazar – O outro retrato”, de Jaime Nogueira Pinto, em cuja capa está um retrato de Salazar com cara de parvo. É exactamente como eu digo. Com cara de parvo! É de facto o outro retrato que faltava conhecer daquele a quem se deve, antes de mais, este atraso que a incompetência de hoje pretende perpetuar.
Bom ano de 2008, com ar puro e bons odores!