Qual navio em dificuldades, à deriva no meio da tempestade, o Iraque, transformado em campo de morte e destruição, torna-se agora alvo do abandono por parte daqueles que foram os responsáveis pelo início do seu aniquilamento.
Pretensamente para derrubar o ditador Saddan, os Srs. Bush, Blair, Aznar e Barroso, apresentaram ao mundo documentos falsos, como já é sobejamente conhecido por todos, para justificar a invasão do Iraque.
É certo que libertaram o país da ditadura, permitiram a liberdade de expressão e possibilitaram eleições democráticas. Criaram uma falsa sensação de democracia, sustentada numa paz inconsistente porque falsa.
Em contrapartida destruíram o Iraque!
Permitiram o saque de museus e bibliotecas, de onde desapareceram objectos de valor incalculável, contribuíram para a morte e incapacidade física de milhares e milhares de inocentes, para o aniquilamento da economia, para o encerramento de escolas, para a razia de habitações, hospitais e infra-estruturas básicas fundamentais à vida, o aumento de desempregados e indigentes, famintos, esfarrapados e sem abrigo. Como se tudo isto não bastasse, armaram a facção iraquiana sua aliada, contribuindo para que, após a sua retirada, os iraquianos se envolvam numa guerra civil que dividirá o país em retalhos. Em suma, fizeram o Iraque retroceder até à idade média, tornando-o mais pobre, mais miserável, endividado e, consequentemente mais dependente do estrangeiro. Sim, porque os iraquianos terão que pagar durante anos a ganância dos poderosos que mandam no mundo e que ditaram o seu fim. Nada disto teria acontecido se o Iraque não possuísse umas das maiores reservas de petróleo. A ideia que nos venderam, e na qual os incautos acreditaram, de que o que estava em causa eram os valores democráticos, a justiça e os direitos humanos, é pura treta.
Se assim não fosse, teriam, estes senhores, mandado há muito tempo invadir o Zimbabué do Sr. Mugabe, onde a miséria e a fome são aterradoras e onde se atropelam diariamente os mais elementares direitos humanos. Mas o Zimbabué não tem petróleo!
Agora, que começam a abandonar o barco, primeiro os ingleses, e, num futuro próximo, os americanos, começa a ser hora de se perguntar quem lucrou com esta guerra, e quem se irá responsabilizar por tão desastroso negócio: os ratos ou o navio que não aguentou a tormenta?